25 fevereiro, 2010

Aos primeiros

Não! Você não foi mais um vinil pendurado na minha parede, uma constelação no céu ou um quadro branco de espiral preto, e também não era amor, eu sentia sim aquele frio na barriga do primeiro encontro ou da primeira transa, sentia a boca secar imediatamente como se estivesse contra o vento. Não era amor, os olhos se encontravam como água e sal, os lábios se apertavam contra os dentes, o rosto era pálido e até o estômago falava junto ao coração. Mas não era amor, tudo bem que minhas pernas quase pediam um red bull enquanto caíam no chão, mas não era amor, era melhor. E durante todos os dias, dentro das únicas vinte e quatro horas que possuímos eu decidi te pendurar na parede do meu quarto junto aos vinis, constelações e ao quadro branco de espiral preto. Decidi não ser eu pra analisar minha expressão patética ao ver algo desagradável. Decidi então confessar que sou apaixonada, mas isso não conto pra ninguém,
escondi de mim e já me fiz um grande favor que foi não ter notado o quão grande isso é, ou
continuo fingindo, no mesmo clima dessas últimas linhas. Pobre dos que não amam,
chorar por tudo que passou é fichinha na mão de quem caminhou uma hora pensando na
mesma coisa e trocando nomes por cigarros de suor cheirando a perfume rodado.
Era cravo, que brigou com a rosa, claro! Até lembro o quase último choro na cadeira de praia, deitada e soluçando com uma vontade imensa de berrar pra todo mundo ouvir. O melhor é que nós não suportamos ver tudo bem, preciso dar uma mexida nas coisas, preciso provocar um pouco de decepção de vez em quando pra mostrar que eu também sangro quando caio, e já é hemorragia. Que nada! A gente tem mesmo a impressão de que vai morrer, de que está despencando, prestes a zunir o último suspiro agonizante de sofrimento eterno, mas, meu amigo tempo disse que tudo passa, até ele, passa por mim de repente e nem deixa rastro. E o bom mesmo é sentir todas essas sensações à flor da pele, fazer dor e saber doer, tanto faz, a certeza de tudo é que uma pequena coisa faz de alguém algo e somente algo. As pessoas chegam, saem, ficam, pausam, esperam, voltam, e vão.
O melhor delas ficam, às vezes até o pior também. E a verdade é que eu sou o melhor de mim,
e o pior também. E a maior verdade é que eu ainda sorri ao escrever a última linha. A felicidade
é dos que compram o próprio sorriso. O amor é dos que vendem o próprio coração. A vida
é de quem faz a melhor história.

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