Na época todos tinham um desses, penduravam no pescoço e empurravam pra dentro da pele. Eu não ligava, me divertia mais com um prendedor de roupas azul que vivia no meu dedo até deixá-lo roxo. Juntava as garrafas de vidro de Coca-Cola e fazia obstáculos para minhas partidas de biloca. Ter um coração pulsante não era moda, não para mim. A sua única utilidade seria me manter respirando, e disso eu também reclamava, sempre tive problemas respiratórios. No geral não tinha serventia, nem tinha cor.
Hoje em dia eu sou colecionadora de prendedores de roupa, tenho um varal anti-coração e durmo num quarto branco. Sou dependente de remédios e amigos, alguns números me consomem, acordo todos os dias no mesmo horário e tomo banho gelado pra espantar os pesadelos. Ainda não respiro bem, mas todo dia há um prendedor novo.
Hoje em dia eu sou colecionadora de prendedores de roupa, tenho um varal anti-coração e durmo num quarto branco. Sou dependente de remédios e amigos, alguns números me consomem, acordo todos os dias no mesmo horário e tomo banho gelado pra espantar os pesadelos. Ainda não respiro bem, mas todo dia há um prendedor novo.
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