16 novembro, 2009


Me bateu uma vontade estranha de não querer saber ler, quase igual a vontade de não querer ter nascido, quase igual a vontade de não querer me apaixonar, e quase igual. Com almofadas na boca, os cheiros pelo corpo que logo vão embora, e rodam, inultimente abafados com as mãos.

A poeira é tão mais concentrada aqui, posso saber o que não tenho e contar em uma mão o que sobrou. Um rádio que muda de estação, parede com marcas de pés e estantes nomeadas com caneta permanente. É tudo uma imensa mancha que só consome o meu corpo de uma forma não tão boa, e vai mutilando com lápis de ponta fina a mão, riscando a testa antes de dormir, abraçada com o travesseiro estampado, TV ligada até de manhã, sem controle remoto não consigo me mover para apertar o botão lá em cima. Também não tenho o controle de mim, não subo nem desço para apagar-me, apelo á uma caixa de remédios tarja preta e assim me sufoco sem ver.
Só não me importo mais, afinal, caí no mesmo jogo de bate e quebra, só que agora os resultados favoráveis são impossíveis e inesperados. E assim eu não consigo dormir, não faço nada que não tenha nada no meio. E assim faço tudo pensando em nada, faço nada e quero tudo.
Não preciso mais de água, e é uma decisão sensata.

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