03 outubro, 2009

Três pratos


Quais certezas você vai me dar se eu ficar? (Tempo)
Não, não precisa responder,
eu sei que elas não durarão muito, e você sabe...
Não sabe? Sabe. O aqui é o agora,
tanto podemos nos curvar ou nos manter
eretos olhando os olhos do mundo, com os nossos fechados.
Falo com clareza do amanhã, e ele é incerto,
mesmo com os planos e curvas ligando os acertos e declínios,
e é assim, vivemos no hoje planejando o amanhã
que pode ser completamente diferente,
e se não for ao menos vai haver atraso
nos segundos que a gente marcou.
Claro que não penso que amanhã deixarei de amar,
até porquê demorei tanto pra me firmar no
sentimento que não me vejo o deixando de uma hora pra outra,
então, trago comigo as duas certezas lógicas
que antes se resumiam em apenas uma.
Como numa apresentação de elenco admirem:
A morte e o Amor (à primavera). São minhas duas certezas,
por toda a vida, e pode ser um juramento, uma prova,
uma promessa (igual).
É real, mágico e descrente de semelhança,
infinitamente desgastante a partida num desencontro
casual de meras expectativas frustradas e noites de nuvens claras,
conversas e conversas aleatórias e findas no chão,
misturadas a areia e sem verdade (entendo).
Pudeste ver o brilho nos meus olhos?
Eles podiam saltar do meu rosto e cantar alegremente ao lado
do lixo junto ao gato de rua procurando comida (Ai, que fome!).

A explicação de tudo isso... Bem, não há.
E com todas as diferenças (iguais)
eu estou ereta diante das certezas,
falando com os olhos e sentindo o vento que passa por tudo
e para em mim.
Estou certa, nas idas e vindas,
um amor de três flores brotará aqui dentro
todos os dias, de chuva ou sol,
mesmo cobertos de neve as lembranças são mais quentes.
Mesmo eu (gato de rua) posso sentir o gosto doce daqui,
o gosto de amor recém preparado,
aquele que deixa a marca no prato depois de saboreado.

É que...
Não, depois eu...
Sim, eu quero ficar e...
Não, mas eu vou e...
É, eu vou deixar e...
Amar.

Um comentário:

  1. Todos os animais podem amar.

    Os gatos brilham os olhos mais que outros quando amam (os de rua são mais frágeis/fáceis)


    No mais, é um amor de se amar mesmo!

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