19 agosto, 2009

Escorre, e-s-c-o-r-r-e!


Escorre assim, da mesma forma
que liquidamos as preces,
mortas em névoas.
Escorres por mim como a luz que vejo,
das bandeiras que pedem socorro,
de tantas pessoas que ainda não sabem falar
( o falar das sombras ).

Conquista-me com teu sorriso elétrico,
olhos que nasceram dez anos antes do corpo,
pés na cabeça, pés de cabeça.
Devora-me ou te decifro
( e esse seria um erro muito grave )
Escorres como formol pela garganta,
como a saliva que eu derramei
sobre ti.
Num outro dia qualquer,
escorres como meu corpo sobre o teu.

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