09 fevereiro, 2010

...

Vou acender minha vela azul suja de cinzas com cheiro de flor seca
(sim, ela existe)
Usei-a hoje para enfiar uns incensos na cera
Coloquei-a na área e fiquei cheirando a fumaça
Acumulo cinzas todos os dias e depois eu queimo
Gosto de queimar papel
Já queimei plástico
Mas agora eu queimo o céu

.
.
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"Estou gostando"
.
.
.

Não estou fazendo nada... você quer que eu diga que neste
exato momento eu tive uma m i r a g e m? E foi,
de tamanha grandeza que meus olhos se arregalaram
tão infinitos quanto os sinais do meu corpo
Juro!
Miragem assim feita só a dos carros no asfalto quente.
Logo aqui na cadeira ao meu lado, dois olhos, meia boca,
um nariz e os cabelos. As orelhas eu quase não via,
mas via as pernas cruzadas sobre as minhas, o contorno
fazendo graça com a sombra na parede. Era a sombra do
meu coração que dançava sobre nós, e ela parecia dançar com ele.
A parede branca que eu via não era a dos sonhos dela.
Ninguém deixa eu prosseguir... Mas aquilo era tela, era vida,
era fogo, era tinha, era dela e era eu.
O telefone tocou e então fui com receio de que quando voltasse
ela já não estivesse mais lá. E assim foi. Eu voltei, e como todas
as miragens de todos os meus sonhos antigos e futuros ela se foi,
levando consigo o meu coração que dançava na parede de tela.
Foi-se com ela o que me tinha de vida, e eu fui, como se só ela
fosse me levar pra não mais voltar. E com ela eu fui... na miragem eu fiquei
E agora não sei se estou ou parti de mim.

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