19 setembro, 2009

Antes que eu esqueça

Doce melodia, torce e afunda em água e sal
todas as mágoas que por sentido algum teriam
de retornar a nossa miséria. De tantas tolices
unidas uma a uma, restou a vergonha que escondemos
discretamente sobre a carcaça que finge nos proteger
ou a qual fingimos estar protegidos.

Impossível estar imune aos raios de sol,
ao menos uma vez sentir-se queimando, e,
embora a chuva seja mais agradável,
a nossa fadiga implora acordar junto a nós,
junto ao que restará do vento um dia depois.

E são doces as manhãs que deixam a pele salgada,
os olhos vermelhos, corpo de areia. Amarga é a ânsia.
Tal medo perfura meu estômago, a insegurança,
a saudade, o tesão. Tão conturbada pareço estar,
a vida e nós. Após as sete horas da manhã perco a memória.

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