03 julho, 2009

Caixa preta




Nunca a deixe sozinha,
às cinco e quarenta e sete da tarde
ninguém sabe ao certo se deve fugir.
Não lhe empreste qualquer material que possa causar dor,
ela nunca sabe parar de se afligir.
Não atenda o telefone,
pode ser mais um daqueles trotes de músicos deprimidos.
Esconda todas as suas músicas para que ninguém possa ouvi-las,
guarde-as para memorizar cada letra.
Enfie naquela sua caixa preta os restos daquela cidade sem cor,
tal qual tem o mesmo tom daquele reflexo no espelho do seu quarto.

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