18 junho, 2010

Finalmente

"É difícil tentar escrever, principalmente depois de meses parada. É como se minha inspiração tivesse acabado, como se meu cérebro tivesse parado, e meu coração trabalhasse em dobro.
Então, mesmo que não esteja nos meus melhores dias, vou colocar meus dedos para trabalhar.
Eu sempre me senti abandonada. Mesmo que milhões de pessoas estejam ao meu redor, eu me sinto sozinha. Não sei, é de mim. Não consigo confiar nas pessoas, não consigo ver o lado bom delas, e isso acaba afastando muita gente. Acabo sendo grossa e antipática, e julgando sem conhecer direito.
Também não consigo dizer o quanto gosto de algumas pessoas, o quanto admiro, e o quanto gostaria que elas estivessem perto de mim. Então acabo sendo meio fria e insensível.
Tenho medo de quando pessoas dizem gostar de mim, acho que elas estão sendo falsas, e que tudo não passa de um plano para me fazer sofrer.Não sei aceitar um “Eu te amo” com inteira confiança. E acabo magoando as pessoas... Magoando as pessoas de verdade... Falando coisas horríveis, e as afastando de mim. Como fiz com alguém.Como fiz com você.
Falei tudo isso só para chegar em um ponto. Desculpe minha “enrolação” , mas isso precisava ser explicado.
Precisava ser explicado porque...
Mesmo que eu tenha feito coisas horríveis, e te magoado quando eu deveria estar do seu lado... Não foi por maldade. Eu só tinha... Medo.
Passamos muito tempo sem nos falar. Um ano? Por causa de uma besteira minha. Não sabia se um dia você me perdoaria, e nem procurei saber. Achei que isso não importava, que você ia embora mesmo, e que eu iria esquecer.
Mas você não foi.
E sua presença, mesmo que eu não a visse, me incomodava. Saber que você estava ali... Tão próxima de mim, e eu aqui.
Então... Um dia eu virei pra Nicholas e falei “Quero falar com ela”. Não sei o que deu em mim. Mas eu já não agüentava mais.
O fato é que... Sabe quando estava todo mundo lá embaixo, aqui em casa, e você vinha pro computador? Eu cheguei no quarto, e sentei na cama, só pra ficar do seu lado. Não me importava se você estava ocupada, e não tava nem aí pra mim. Eu só queria ficar ali, perto de você, enquanto eu ainda podia. E fiquei. Pelo menos até achar que estava te incomodando, e ir embora.
Eu ficava olhando você jogar baralho, e ria, internamente, da sua cara de séria.
E quando passávamos trote para alguém (que não posso dizer quem, hihi) ficava feliz só em olhar você morrendo de ri. E eu ria também, pra disfarçar.
Era você a única pessoa que agüentava minhas músicas sem sentido, falando sobre zebras que corriam, que eu fazia só por saber que você iria ri.
Isso me fazia bem, de certa forma. Saber que eu te fazia ri algumas vezes.
Não gosto, de verdade, de quase ninguém que conheço. É difícil eu gostar de alguém. Mas é mais difícil ainda eu admitir que gosto de alguém.
E pior ainda é admitir que gosto de alguém que agora está a 39232392 quilômetros de mim.
Só que eu vou admitir: Eu gosto de você. Gosto mesmo. E eu não minto.
Às vezes acho melhor não termos voltado a nos falar, porque eu sabia que um dia você ia embora, e isso ia me fazer sofrer ainda mais.
Mas eu descarto totalmente essa possibilidade quando lembro que vou ter ver de novo um dia. Nem que isso demore anos... Eu vou te ver.Esse desejo fica cada vez mais forte, e isso que as pessoas chamam de saudade (mas que deveria ter um nome mais complexo. Algo como um nome científico, pra não ficar tão banalizado, e ser tratado como algo mais sério) me aperta cada dia mais. Ou melhor, não aperta. Me devora. Me consome. Me esgota (E tantas outras derivações...). Se eu pudesse refletir o quanto isso me enfraquece numa folha de papel, ou em algo material, eu guardaria em um lugar bem seguro, ou jogaria fora em alguma estrada da Noruega, só pra você achar no caminho.
Na verdade, eu faria muitas coisas pra você achar no caminho de casa, e lembrar o quanto eu gosto de ti. Aí você abriria o meu presente todos os dias antes de dormir, e sonharia comigo.
Assim eu poderia estar com você todas as noites.
Mas eu não posso.
Se eu pudesse dizer o quanto isso me abate, ninguém teria coragem de ouvir. Ninguém.
Mas isso é bom, não reclamo. Significa que não vou te esquecer.
Mesmo que eu não tenha sido grande coisa na sua vida, que eu não seja muito divertida (e não sou mesmo), ou não tenha saído com você muitas vezes desde que voltamos a nos falar.
Espero te visitar. Espero que venha nos visitar. Espero que fique bem, e que se divirta aí tanto quanto se divertia aqui. Espero muitas coisas. Mas espero, principalmente, que não se esqueça que é a“mulher da minha vida”, hihi.
Boa sorte."

Por Fernanda,

17 junho, 2010

Laranja morango

Era noite, quinze de junho, mesmo passando das onze horas ainda era possível ver aquele céu azul clarinho com uns riscos finos pintados de laranja, laranja morango. Era aquela garota dentro do mesmo carro, mesmo lado, mesmo olho brilhando pra fora do vidro pedindo gentilmente pra poder ver a lua como da última vez, na parada da sua antiga casa com uma querida amiga. Esforços em vão, mas ela continuava a olhar tudo em volta como se fosse novo aquele já velho caminho de casa pro centro, do centro pra casa. Ainda era lindo e sufocante saber que tudo aquilo era por mérito ou sorte seu, só seu, toda a vontade de ter cada esquina pra si era finalmente algo além de vontades.
Cada qual com sua vontade, a dela naquele momento era abrir aquele vidro e sentir de vez todo aquele ar entrando pela boca, nariz, pelos olhos, até chegar a um ponto onde ninguém saberia o que era ar e o que era corpo. E era necessário só um pequeno movimento pra fazer isso, mas sempre pareceu algo muito assustador, todo aquele vento, e a temperatura caía a cada quilômetro rodado, e foi. Era o vidro aberto, a boca depois de alguns minutos merecia lixa e óleo mas ela não queria, o que sabia fazer de melhor era sorrir e até assim conseguiu tornar macio novamente os seus lábios que de tão vermelhos se encontravam apaixonadamente doces sobre os dentes. Todas as ruas e avenidas, placas e flores já tinham vindo com o ar pra dentro dela, que completa, fechou o vidro para não se encher de excessos. E completa, pode partir ou voltar.

08 junho, 2010

Uma longa primavera.

(Fragmentos/pensamentos de um suposto livro que eu comecei a escrever no final de 2009 e que hoje certamente virou mais uma lembrança de um tempo que foi escrito, desenhado, pintado e que não poderei arrancar uma folha sequer para não haver enganos.)

Um súbito de informações invadem o corpo, as flores estão ao alto. Não sabe-se como ou aonde os olhos passaram a brilhar, mãos trêmulas e pernas inquietas, começaria alí um amor triângulo.

Julho de 2008,
Os adolescentes sem dúvida obtiveram um espaço significante na sociedade, tempos de revolução pessoal, interna e externamente. Aqui nesse pequeno manicômio que chamamos de cidade não foi diferente, manifestações culturais voltadas ao público teen, intervenções artísticas e modificações na área da estética. Tempos de liberdade de expressão, utilizavam o corpo e a imagem para "vender" um produto no mínimo falso que eram eles mesmos.
Nesta mesma época onde todos tinham tinta colorida no cabelo conheci um garoto que era uns três anos mais velho do que eu, ele não era tão grande, não era lá tão garoto também, um pouco afeminado mas muito bem apessoado. O conheci de repente, e assim as coisas foram acontecendo. Cerca de um mês depois sabíamos o suficiente um do outro, sabíamos o ocorrido até aquele último instante do nosso último suspiro. Num dia qualquer, numa das nossas andanças fui apresentada aos amigos dele, os melhores amigos, que até então não me conheciam por falta de oportunidade, ou de motivos.
Primeiro encontro. Era ela, não lembro da roupa ao certo, também não lembro das outras pessoas em volta, estavam todos apagados, desfocados diante da minha visão. Certamente estava com aquela meia arrastão que lembro nos dias de sábado daquele passado, cabelo esverdeado e detalhes incríveis em cada canto do corpo. Não sei aonde havia guardado minha cabeça naquele momento.
Os tempos passaram, os cabelos desbotaram e ainda mantinha contato com eles. Saíamos com mais frequência e estávamos mudando o guarda-roupa, os sorrisos eram os mesmos, o humor às vezes era alterado, os sentimentos por hora confundidos, algumas discussões e separações mas sempre deixávamos o passado enganado no nosso presente de felicidade gotejante.
Passeios na praia, areia no corpo, conversas picantes, silêncios e paixões platônicas. Lembro de ter sentido tudo no meu quase tudo. Era um ano bastante conturbado, lotado de conflitos e mudanças, era de certa forma um começo, mas ainda não sabíamos nada. No momento éramos apenas ouvintes do tempo.

Dezembro de 2008,
Mais especificamente no último dia do ano. Estava na praia acompanhada de uma pessoa muito especial com a qual vivi momentos incríveis e que me fez descobrir um outro sentido do que realmente se chama dor, mas isso é um outro livro. Fizemos pedidos saudando o novo ano, com os corpos entrelaçados sobre a areia da praia deserta. Os pedidos então puderam se realizar mais tarde.

Maio de 2009,
Mantive minhas crises de ciúme de sempre, me pondo em situações trágicas e desesperadoras. Realmente era incontrolável, perdia a cabeça com uma troca de olhares ou uma boca manchada de batom após cinco minutos de desaparecimento. A menina dos olhos de mel, aquela antiga menina dos cabelos esverdeados me fazia arrancar os cabelos de ciúmes, e eu a fazia ter ódio mortal da minha face por longas vinte e quatro horas, ou mais. Era passageiro, instantâneo e forte. E novamente os tempos passaram.
A menina dos olhos de mel era uma espécie de tudo o que eu podia e queria ter, éramos irmãs, confidentes e amigas. Brigávamos e discutíamos quase sempre, era também incontrolável, meu jeito estúpido e errante certamente não agradava a competência e beleza de tão linda jovem, ela sempre foi meu orgulho.
Nesta mesma época ou até antes descobri uma paixão dela por um tal músico, vocalista de uma banda de rock até então desconhecida por mim. Pudera, aqui nessa cidade onde só podemos escolher entre sol e chuva e só há divulgação de bandas de forró certamente não ouviria nada a respeito. Mantive um certo ciúme, ela não parava de falar nele e parecia uma criança devorando um sorvete com os olhos e pensamento. Haviam momentos em que eu desejava não ter descoberto tal novidade.

Junho de 2009,
Por convite da menina dos olhos de mel fui a uma intervenção do tal vocalista dos sonhos, pelo qual ela sentia o estômago afundar, o único. E além de cantor o tal era ator, em meus sonhos uma quase realidade. Ele realmente parecia ser a alma gêmea dela, os gostos parecidos e aquelas citações de Augusto dos Anjos na minha cabeça, aqueles materiais e cores, aquele trem quebrado e aquele cheiro e me sufocava. Eu gostei, era um pouco de dor que eu precisava pra afundar de vez entre aquelas paixões. Havia uma outra menina conosco, a que eu não sabia mas também era amor secreto da menina dos olhos de mel. Estava eu, perdida, sem saber, diante das duas paixões da menina do vestidinho preto e da tatuagem na perna. Isso sim era sufoco. Não sei explicar mas sentia e sinto uma coisa muito forte por ela, talvez nunca entenda, essa amizade é quase inacreditável e inacessível.
Na mesma época alguns amigos nossos combinaram de ir a um evento que teria num pub perto da praia, haveriam alguns shows de bandas até então quase desconhecidas que tocariam alguns covers e fariam algumas mudanças no ritmo. Os shows foram ótimos e o tal vocalista ator estava presente com uma outra amiga a qual ele não largava desde o dia primeiro de janeiro, era carne e carne. Os vi bebendo tequila e dançando desengonçados, pareciam estar bêbados ou no mínimo chapados, passei a ver as situações e pessoas com outros olhos. Saí de lá não mais o achando tão "pedra no sapato".

Julho de 2009,
Dois meses depois de ter entrado num Projeto Social fui à uma viagem com o grupo para Campina Grande, ele também estava lá, junto da tal amiga "primeiro de janeiro" que era a coordenadora do tal grupo que piscava nossas ideias. A menina dos olhos de mel no entanto tinha encontrado uma outra paixão, essa totalmente fora dos padrões aceitáveis pela sociedade normal. O menino era cheio dos cachos e sorrisos brancos, parecia não se importar com moda e vivia acompanhado de um caderno que ela havia feito, rabiscando suas ideias e amores. Era um total idiota, tinha namorada e não contetado com a falta de sexo na relação foi fisgado pelo encatamento da tal menina de estatura baixa e pernas de fora. Certo ele, todos eram loucos por ela. Ainda acho que foi um momento de fraqueza na pobre cabeça da menina, ela devia estar num daqueles surtos de febre do estrangeiro apesar de nem existir na época. Os dois passaram as viagens numa bolha, ouvindo as músicas do meu mp4 que titularam deles, cansaram apenas quando o pobre falho descarregou, estragando até a minha alegria da volta. Sorte minha que haviam outros, animados e com um violão, escolhendo músicas e cantarolando como se fossem crianças, aproveitando cada minuto pra acumular alegrias e aproveitar os momentos.
Numa dessas melodias, entre frio e paisagens tirei meu casaco listrado de dentro da bolsa, e de repente, num só impulso o vocalista vôou sobre meus ombros puxando o casaco de minhas mãos, ele repetia sem parar que era lindo e que iria roubar pra ele. Eu espantada nada entendia, não possuía nenhum conjunto de frases dignas com ele ou uma fila de sorrisos. Me levando pelo encatamento da brincadeira passei a vê-lo como um espelho e um mestre às minhas piadas sem graça e canções desafinadas. E assim começamos a outra parte da história. O resto daquela viagem foi só nossa, o tal vocalista era mais do que eu imaginava, uma outra metade de mim.

Agosto de 2009,
Iniciavam os vestígios de uma nova era, éramos três, eu, o vocalista e a menina dos olhos de mel. À partir do meio do mês criamos vínculos jamais quebrados, saíamos e conversávamos sobre todos os tipos de assunto, entre cigarros e bebidas nós ríamos como tontos diante de palhaços sem graça. A nossa felicidade no entanto estava só começando, era início de Primavera, estação das flores.

Setembro de 2009,
Após desencontros e desentendimentos ao telefone não sabia o que poderia salvar meu dia em plena quinta-feira. Junto ao vocalista combinei um tal encontro com a menina dos olhos de mel, uma maneira de nos vermos para jogar conversa fora, tinha saudades caladas. Fomos os três depois da loja de fantasias a um bar com karaokê e cerveja, eram as únicas opções, e era o que queríamos. Descobrimos alí uma compatibilidade de almas, em cada copo um gole de amor, surgiram os planos e surgiram as músicas na tela, gritadas e aplaudidas pelos espectadores da rua. Já era noite, havia garantido a felicidade do meu dia. E depois foram vários momentos de loucuras e esterias calorosas. Nossos passeios noturnos regados a cigarros e bebidas, as frases e lembranças.
E à partir daquele dia, daquela tarde banhada a àlcool e música construímos o mais belo jardim que alguém pode ter. Construímos um amor triângulo inabalável. E foram saudades, crises de abstinência e carência, neve. E as semanas foram passando, os dias, horas, minutos. Foi um súbito de tudo que nos tomou como vento, aconteceu conscientemente de uma certa forma, mas foi tudo o que eu havia pedido no tal ano novo. As coisas realmente acontecem de repente, sem que façamos planos ou expectativas, nos pegam de surpresa e mexem com todas as nossas estruturas.
Aguardem, a Primavera está apenas começando.

Outubro de 2009,
Eu e o vocalista fizemos uma música para menina dos olhos de mel, preparamos também uma surpresa que será inesquecível, uma das coisas mais lindas já vistas por alguém. A nossa música me traz uma paz inexplicável, ela vem cantada do fundo da alma, parece carregar todo o peso do sentimento, escorre por nossa boca num leve soprar. E continuamos vivendo momentos incríveis, tardes e noites encantadas, dias regados a vinho e massa, piscina, doenças, festas, shows. Tivemos também momentos união total, aquele nosso imã eterno que nos faz juntar os lábios, os corpos e membros.
Sinceramente não sei explicar a imensidão disso em mim, talvez esse algo tão grandioso seja uma forma de me levar à realidade do meu conto de fadas. Não consigo me imaginar sem os dois, é situação de desespero total pensar no Inverno.
E por enquanto vai ser assim...
A nossa Primavera vai demorar.

Dezembro de 2009,
Após grandes mudanças na nossa relação, amor triângulo agora parecia mito diante de tantas decepções que qualquer tipo de amor parece trazer. O final do mês ficou marcado em pequenas grandes tragédias e imensas feridas nos corações de quem, a alguns meses atrás, sonhava em dividir almas. Final de um ano com mais surpresas que o esperado.
Nos primeiros meses de 2010 as coisas voltaram ao normal, era questão de tempo até que aquele amor pudesse sentir falta de nós, e assim foi. Acontece que todos sabemos que nada permanece igual após um choque ou um arranhão sequer, mas agora tudo parecia caminhar bem daquela forma, não sei se é por que havíamos amado demais mas ser tão feliz como antes parecia algo meio impossível, e já era de se esperar. Apesar de tudo os três seguiram tranquilos e mantendo um nível de proximidade reduzido, isso só comigo e ela, com ele eu ainda era tudo e mais um pouco, até hoje não nos ferimos.
Fiquei sabendo algum tempo depois que minhas passagens para outro mundo já haviam sido compradas, dentro de um mês eu iria embora pra Europa morar com minha mãe e tentar ser o que ela sempre quis que eu fosse, e era o que de certa forma eu queria também, mas tinha muita coisa em jogo e eu nunca pareci tão forte pra saber carregar tanto peso em uma mala só, mas fui.

Maio de 2010,
Era dia 12 e minhas malas a uma semana já estavam prontas, eu nem sabia o que fazer diante de tão pouca coisa que eu ia levar, a maioria das pessoas que eu queria estavam na minha casa e mal podiam imaginar que se eu pudesse encontrava um jeito de enfiá-las uma a uma dentro das minhas roupas. Por não saber o que fazer dei um único grito que me valeu até o outro dia. Parti por volta de uma da manhã, dia 13 já. Dentro da mochila cartas, fotos, um cavalo branco e minha saudade que nem me deixou fechar o zíper.

Nem parece, escrevo hoje dia sete, essa semana fará um mês que cheguei aqui e carrego no peito toda a coragem do mundo. Agora eu sei que deixei muita coisa, mas sei que mesmo longe todas essas coisas serão pra sempre minhas. Eu vou mastigando o tempo enquanto o tempo me devora.

04 junho, 2010

- Sempre tenha algo nas mãos.

Nunca levei a sério essa história de sempre, mesmo sem necessidade, carregar algo entre os dedos pra apertar ou balancear a solidão. Noite passada eu carregava um pássaro nas mãos, carreguei até em casa todos os sorrisos sem rosto que encontrei na rua, procurei tanto que eles pareciam ser pra mim. Desde a partida, do "the end", "volto logo", chame como quiser isso ou aquilo que eu fiz e deixei. Desde aquele dia eu carrego algo muito grande nas mãos, algo que exala um perfume único e misturado com meu cheiro de sono deixa qualquer um com alguma iniciativa suícida, enorme. Tem gosto de vinho, notas musicais, saudade e reencontro. É por isso que pareço um pouco louca quando ao suspirar agoniada fecho as mãos depressa.