27 janeiro, 2010

...Mas os ventos levam, assim como trazem. E o ácido dos olhos ainda se esvaem. E o ácido das veias ainda pulsam. E o ácido que eu pálido peço aos céus vem escorrendo feito sorte pela roupa,
e vem o cheiro.
O coração retraído parece pulsar forte fora do corpo, recebendo todas as mudanças de temperatura sem proteção alguma, como se alguém ao longe disesse com um puta sorriso: "É pra machucar de verdade". E machuca. Pra de repente a roda gigante começar a girar pro lado contrário. E quando as peças se encaixam o jogo acaba.
E o que resta do ácido meu peito absorve pra servir de veneno quando alguém se aproximar.
A mente cala e o coração suspira.
E são doces as manhãs que deixam a pele salgada, os olhos vermelhos e o corpo de areia.
Amarga é a ânsia.
E tal medo perfura o estômago de insegurança, de saudade e tesão.
Tão conturbada pareço estar... eu... a vida, e nós.
Por que após as sete horas da manhã eu perco a memória.
Ponha teu coração no liquidificador, ponha a dor
e dê-me aqui para beber.

13 janeiro, 2010

A dor do poeta

Todo poeta é burro, todo poeta que ama sabe extrair da dor a mais linda poesia da verdade, a concretizada enfim.
Todo poeta que ama é rei, todos sabem do fim e mesmo prestes a cair no abismo abrem os braços e mergulham
no odor de amor que é tão belo quanto o inverno.
Porém todo poeta é incrível, apesar de sentir a dor cada vez mais aguda no peito que faz tudo esvair-se ele
vira cada vez mais humano, mais apto aos riscos e atinge enfim a profecia de superação.
Mas todo poeta tem seu tempo, e ele se antecipa na ida. E todo poeta ama de novo.
E nenhum poeta vive sem amor, seja de qual tipo for.
E a dor do amor é do que o poeta precisa.
E a dor do amor nem outro poeta cura.

03 janeiro, 2010

"Plantei no jardim um sonho bom. Mostrei meus espinhos pra você. Faz que desamarra o peso das botas e fica feliz. Abre o guardachuva que hoje o sol desistiu de sair. Esse perfume de alecrim trouxe de volta um sonho bom. Posso até olhar pela janela e recitar "une petit chanson". Cantei pra você meus velhos tons. Perdi seu ouvido pro jornal. Eu trago a dança que me inspirou o café sem açucar e tal. Analise o fundo da xícara, a esperança é igual. E eu confesso, só me resta a vida interia. Só me resta a vida em mi maior e lá."

Abracei o mar com uma força que nem eu sabia que tinha, a roupa depois tornou-se tão pesada quanto minha vontade de gritar, inundar os olhos daquelas gotinhas salgadas que eu não derramei quando quis. Após conversar com ela, minha moça de cabelos compridos e cheirosos fiquei com um aperto de pontada fina no coração, aquela dor que vinha de cima a baixo passando por todas as veias... Por todo o corpo. Como eu podia dizer pra mulher da minha vida que eu poderia amá-la mais do que minha vontade de gritar? Gritando sozinha (internamente) no mar gelado de uma madrugada de Palpite no violão sobre a lua e gelo. E gritei muito, me afoguei ainda mais, e valeu a pena. Meu amor aumentou, espero que ela tenha ouvido, eu gritei muito alto, meu coração quase explodiu. Falei com todo o corpo jogado no mar enfrentando aquelas ondas como sendo cada barreira existente que possamos ultrapassar. Ela sabe... E eu também sei. De coração aberto!