30 dezembro, 2009

Ela é tão engraçada, em todas as metáforas. Todos sabem que nunca vai mudar, nada nela perdura, sejamos sinceros, ninguém consegue pagar a pernoite em seu motel sem dores no coração após acordarem no outro dia. Agradeçam a canalha de sorriso lindo por todas as noites de amor que ganharam, ela realmente sabe ser a dama de prazeres, até finge amar quando quer, estranhamente atriz da minha projeção que se manchou. Assume teu erro, que nem erro é, se espalhe na multidão feito esses cacos do que restou de ti em mim, é até bom cortar-se no caminho, realidade nas veias como escorrem os prazeres de tuas pernas. Chame a atenção de todos pra divulgar que você nunca vai mudar, não querem afinal, todos gostam de correr riscos de verdade por mais piores que sejam. Então venham todos provar o doce veneno do escorpião, se deliciar nas serpentes que contaminam todo e qualquer ser... Penetra neles teu amor, menina. Ainda admiro o poder de beleza que tens, ainda me deixa sem palavras, e por me deixar tão calada receberás meu silêncio... Pelo menos até um futuro sol secar a mancha da minha projeção.

25 dezembro, 2009

Sob tudo.

Desconectar-se do mundo requer muita auto-confiança, além de muita coragem você precisa ter muitos motivos, e eu os tenho. Generalizei com o "do mundo", posso reduzir isso a "desconectar-se de si". E concordo com os poetas, pensadores, filósofos e tudo o que eles falam sobre verdade, concepções, dores, ódio, amor (que mesmo citado por último ainda é clichê). Mas viver demais não dói, negar-se a felicidade batendo em sua porta ou simplismente substituí-la por algo melhor e que lhe cabe sem apertos. Não reneguei origens, não desisti das flores, da primavera, da brisa das 17 hrs, isso seria impossível. Mas entenda, eu tenho um coração apertadinho demais, aprendi a me doar tarde mas me doei até onde não pude mais, e sempre levantava depois das quedas fazendo aquela cara de quem não tinha sentido dor mas na verdade morria de vontade de chorar. Odeio as possíveis datas comemorativas, sorrisos vindos de longe e olhares despercebidos. Tive um Natal ótimo, desisti de uma mesa farta arrodiada de pessoas felizes por um dia 24 de dezembro que é um qualquer como todos os outros dia do ano. Com os pés lavados fiz meu ritual de todas as noites, liguei o aparelho de som e sozinha em casa fui dormir. O melhor Natal da minha vida. Hoje pela manhã assustada com o barulho ainda alto levantei correndo e percebi que faziam oito horas que tocava a mesma música. Eu me sinto livre pra levantar daqui agora e ir correndo até a casa da minha garota, gritar em frente ao seu portão que eu a amo e depois morrer afogada com um balde d'água jogado da janela. Me sinto livre pra continuar a escrever o livro sobre a mudança repentina na minha vida, sobre eles (meus), sobre as idas, sobre as futuras voltas. Queria ter a certeza de que não vão me deixar no meio da estrada, sentada nesse meio fio do que eu vou ser conflitando com o que eu fui (ou tentei). E eu estou tentando... ainda. Tentando fazer com que eu possa ser feliz de uma maneira possível.

22 dezembro, 2009

As perdas de várias formas nos cercam com fita isolante, é algo que aperta e nos deixa totalmente presos, é uma intensa falta de ar. Inundam toda a área de proteção de forma brutal e avassaladora... Idas e voltas, fins, começos, ainda ciclos que de repente renovam-se a partir de algum ponto e vão a outro desconhecido. Desencontros são perdas. Distanciamentos são perdas. A partir daí então deveríamos viver com a certeza de que um dia tudo se encontra, porque tudo o que é pra acontecer acontece. Vendo por um lado bem otimista o mundo é bem pequeno, afinal, quilômetros de terras, espaços vazios, casas, prédios, muros, calçadas, tudo isso pode ser ultrapassado e percorrido, distinguido, descoberto. Pernas, aviões, carros, bicicletas, pássaros, asas, tudo é transporte a um meio possível, tudo é possível. Supomos barreiras que podem muito bem serem destruídas, pisoteadas, da mesma forma que pisoteamos uns aos outros. Podemos fazer tantas coisas piores, a distância é apenas mais um próximo caminho que precisamos percorrer, transcrevemos muitos obstáculos necessários. As perdas de alguma forma são totalmente necessárias, nos tiram o fôlego, sobrecarregam pensamentos, cansam, imploram atenção e depois nos renovam com as voltas, as sempre voltas, voltam pelo mesmo caminho que foram.

17 dezembro, 2009


É realmente fácil se enganar, ou seria, se ainda vai ser, se é que será. Eu queria um amor de se amar, com mãos trêmulas e olhos que falam. Eu queria um banho de cheiro, uma sorte de tantas, um sorriso pedinte, um abraço que faz tremer. Eu queria bilhar, giz no rosto, pés no chão, pele com pele, boca e pescoço, saudade inerte. Eu queria. E, pensando bem tenho um tanto além.
Percebe-se, a paixão tem cheiro único. E os quereres ainda são maiores do que nós, de todas as formas que nos mantinham intactos, corremos agora todos os riscos do amor mais uma vez, os que vem e voltam, intermináveis ciclos. Apaixonar-se é bom o suficiente pra nos deixar felizes, assim sabemos que somos fortes o bastante pra saber amar de novo diante de todos esses meios termos que encontramos pelo caminho.
Ultrapassando o décimo nível.

"Mas até agora, você tem me feito uma coisa que ainda desconheço... É desejo sim, é carinho sim, é tudo aquilo que eu disse... Mas com alguma coisa a mais. Eu não sei. Uma coisa a mais que eu estou gostando..."

09 dezembro, 2009

Desire


O meu desejo tem pernas que se enlaçam, tem mãos que se tocam e olhos que se comem. O meu desejo tem sentido, cheiro, gosto e ansiedade. Fugaz. E os desejos se encontram na pele que se renova. Aprendiz. Ardente em desejo, completamente inteira, insensível e carente, ardentemente desejável.
Me queira bem, estou te querendo bem nesse minuto.
Renovando os votos dessa caridade desejável, desejo o corpo límpido nos meus braços, os olhos que brilham de encontro aos sorrisos. Cabelos. Cabe a eles tal sedução de anos interrompida, cabe a mim ocupar esse desejo com movimentos singulares. Cabe ao desejo um tempo para matar-se.

06 dezembro, 2009

A mando

Quem já ardeu em alegria?
Euforia, derivados de olhos brilhantes e sorrisos no ponto? Sentir assim os pés fora do chão por longos minutos, ou apenas por 2 min e 43 s que é a duração daquela música alucinógena. Mas ponha a felicidade no repeat. Faço assim com a música.

Sei de quem se foi e de quem fica, junto a minha felicidade.
There’s no one, there’s no one,
There's no one, no one
There’s no one, there’s no one,
There's no one, no one. . .

Alegria derivada de bem-estar, pensamento repetido e carnes desejáveis. Sinto um gosto doce... Um gostar. Aproveitando na medida do possível, às vezes na impossível medida. Aproveitando o esperar. Esta felicidade tem nome, sobrenome, endereço e telefone. Tem esse tempo só meu e uma caixa vasta de verdade que guardo dentro da pele. Ecoa aqui, rasga tudo e soa claro até chocar-se com as paredes sujas de medo.

Felicidade é esta porta que acabo de abrir, minhas escolhas numeradas e eu disposta a mudar. Mudei muito, e não preciso que acreditem na minha mudança para que eu tenha mudado. A mando. Amando estou, a mando da razão.
Lá vem o amor nos dilacerar de novo... E eu de braços abertos. Rasga fundo e ecoa alto, volta todo dia pela manhã e me lambe o estômago de ansiedade.
Sinto agora uma imensa vontade de gritar, ouvindo-me baixinho não tenho noção da intensidade desse querer. Querer fluir.
Com o tempo vou no querer dessa fila sem fim.





04 dezembro, 2009

Mania


Não sou um gênio.
Mania pode ser o hábito de repetir compulsivamente determinada ação. É praticamente uma doença. Temos manias de todos os dias, movimentamos sobrancelhas, narinas, lábios, dedos, orelhas. Procurando o que fazer ao falar no telefone, escrevendo na última página do caderno, mascando chiclete do mesmo sabor, passando perfume nas costas, fechando os olhos no ônibus para adivinhar o local por onde se está passando. Manias de manias. De tudo o que faz parte na rotina, inclusive amar.
Temos manias mais lúdicas como a de vício em pessoas. Li hoje algo interessante e bem verdadeiro, uma frase apenas, dizia assim :
"temos mania de pintar de amor os outros sentimentos."
Na verdade temos mania de amar mesmo, e isso já é o suficiente em loucura. Mas essa é mais frequente dentre as manias, e é hábito sim. Acorda-se amando o colchão macio, o lençól com cheiro único, os retratos sobre a estante e todos os objetos espalhados pelo quarto. Ama-se as paredes sujas e a poeira agonizante no porta-retrato antiguíssimo com uma foto quase centenária de quem se ama mais ainda. Ama-se primeiro o corpo que acorda disposto a dormir mais um pouco, pensando naquele banho frio de um dia quente. Depois de amar o quarto ama-se as pessoas que estiveram em seus sonhos, e geralmente eu sonho muito. Tenho a sorte de ter sonhos lindos com as mais belas pessoas que me fazem feliz, a menina dos olhos de mel e o ogro vivem nos meus sonhos, sim, sim! Mas voltando... Ou não. Explicando também que eles são mania minha, minha mania de querer tê-los num quarto com poeira nas paredes,TV chiando, lençóis sujos, porta-retratos espalhados, objetos centenários e... MANIAS. Eu tenho mania de querer sugar tudo o que ainda resta num copo vazio.
Mania de encher o copo.

Término


Já parei e pensei
Escrevo demais
Ouço demais
Renovo os votos
Torço
Troco
Choro
Sonho
Tenho
Quero
E
Assim
Eu
Nunca
Termino
O
Que
Nunca
Vai
Ter
Fim.

Fim!

02 dezembro, 2009

Verniz


Após um breve descanso totalmente merecido
Eis que chega o momento de espera
Uma hora se passara
Tormentos breves e nada lúcidos
O coração parecia pulsar fervorozamente
Do lado de fora do pescoço
Eu podia sentir os batimentos
Quase invadindo o campo de visão
Demasiados passos e cores
Algo que parecia se dissolver
Na minha frente
Logo a ponto de colidir
E logo também desaparecia

Movimentos longos e quase infindos
Barulhos infernais capazes de me levar á loucura em poucos segundos
Os olhos capturando cada detalhe de cada átomo
O eu-por fora
Extremamente perdido
Externamente inibido
Supondo o futuro tão lindo

O céu era uma mistura de cores suaves
Brisa das 17 hrs
Eu lembro...
Ou lembrei depois quando me situei
Mas ainda nem situei
Cambaleando em linha reta
Sorrindo o verniz nas narinas
Grande céu em fumaça

Aqui no peito os pés na dança
Parados em nós
Sossegados sonolentos
As cabeças que giram nos panos em fita
No chão...
Na mão...
Meu tão...
Não são!

As palavras fogem
Decodifico em traços falhos
Ainda sim tenho os dedos marcados
Da minha boca
Felicidade
Os olhos que se encontraram
Trajeto de início e fim

A lucidez volta a relatar.