29 julho, 2009

Permaneça!


C
O
N
T
I
N
U
E!














Sobre o calor de tal peça antiga
encontrei amassado em meu bolso
aquele papel com letras de um futuro
poeta que ama demais.
Não sabia do que se tratava e li
ansiosamente tal coisa envelhecida
por três dias de puros ventos
desiguais que me afetaram a mente
e o corpo.
Dobrei o papel e por fim o deixei no mesmo
lugar em que estava de início.
Espero agora que a dona o leve...
Leve tudo!

28 julho, 2009

O que vem depois..

.. Derramando os anseios,
perdendo o sabor, o cheiro.
Nunca se sabe quando vai parar,
talvez não pare.
Mantenho minha boca
fechada para não lhe
dirigir a palavra,
tal qual lhe afundaria o coração.
Silêncio!
Ele nunca sabe
o que me deixa mais feliz.
- Olhe para mim, aqui de cima
é mais seguro!



22 julho, 2009

Prazer..


Triunfei entre os céus,
visitei nuvens e dancei sobre o vento.
Minhas lágrimas se misturaram com
a chuva, dilúvio.
No mais eterno sempre
me manti tímida o bastante
pra não te encarar, insegurança.

Mantendo os olhos fechados,
trancando pensamentos
do mais belo conto de feiticeiras.

Na rapidez dos fatos
me perco pensando no passado
enquanto você se perde no presente,
planeja o futuro como se fosse por prazer.

Prazer,
me estupre!

Um sinal

"Agora tanto faz,
vou me rebelar.
Eu sou Deus,
o Deus da imperfeição.
Não saberei o que é paz,
ó Deus da imperfeição.
Nem o inferno nem o céu me aceitam
mas não sou daqui,
nem de lá.
Brinco com o mundo,
o mundo brinca comigo.
Busco um abrigo,
busco um sinal.
Não sou tão fraco assim,
depende de quem vê,
essa visão ritual
depende de quem vê.
Fique aqui,
não saia da minha vista.
Eu te tirei pra dançar,
só queria um par."


O que eles não dizem..

DE REPENTE FUI DOMINADA PELA VERDADE
DE MINHAS PALAVRAS.

"Uma pequena parte de nossa eternidade"

Apenas esse desejo se concretiza em minha mente.
Falando de cores e olhares me remeto a um
futuro apenas presente em meus sonhos,
diferente do real ou do passado.
Quem sabe o melhor seja mesmo manter as coisas
imóveis, manter os sonhos que são sempre os melhores.
É impossível continuar da mesma forma,
então a partir de agora será necessário tomar
decisões, precauções.
Manter o coração coberto sobre arame farpado.
Agora somente os corajosos serão capazes de enfrentá-lo.
Apenas enfrentar, nunca conquistar!
Morta sobre um piso branco.
Odor, cor, pus, marca, corpo.
Esmagada num só golpe,
ainda agoniza dobre meu olhar.
Logo aliviei sua dor,
acabo de dar a última facada.

Ascese


Pensamentos afogados em dor,
quem dera só a dor.
Não posso explicar minha tamanha satisfação
em ver a luz refletindo em seus olhos castanhos
profundos e marcantes.
Arrebata qualquer ser, tira o fôlego, o chão.
Teu olhar fixo por mais de cinco segundos
cega e envergonha a quem admira.
Admiração talvez seja pouco.
Renuncei a vida em troca de seus olhos.
Ascese, ascese, ascese.
Renuncio o amor!

18 julho, 2009

Infectado

Agora aqui vou eu
Não espere que eu não
Eu não levarei nada
Eu não preciso de nada
Não queira existir
Eu não posso persistir
Por favor, me pare antes que eu faça isso novamente
Só fale sobre nada
Vamos falar sobre nada
Só fale sobre nada, vamos falar sobre nada
Vamos falar sobre alguém
Vamos falar sobre ninguém
Alguém, qualquer um
Você e eu temos uma doença
Você me afeta, você me infecta
Eu estou aflito, você está viciado
Eu estou na extremidade
Morto contra a parede
Eu estou tão distraído
Eu gostaria de te golpear
Só fale sobre nada.
Eu quero amarrar você, crucificar você
Ajoelhar sobre você, humilhar seu corpo
Você e eu, somos feitos no céu
Eu quero levar você, eu quero quebrar você
Te suplicar,
Com rosas espinhentas,
Eu quero te banhar em água benta,
Eu quero matar você em um altar, você e eu.

15 julho, 2009

Volte!

O "M" desbotou..
foi embora sem mais respostas.
Mas é assim,
não é todo dia que você pode vê-los,
ainda mais na sua casa, compartilhando de sua comida.
Deite em minha cama, não durma
mas sempre sonhe.
Daqui a cem anos você vai lembrar de tudo,
todos, de mim.
Saia sempre pela porta, mas espere que eu
abra e feche para que você possa voltar.
Os papeis estão ficando amarelos,
é o tempo, tempo,
é o que eu preciso.
É o que todos precisam!
Fui tua escrava na outra vida.
Apesar de minha cor sirvo muito bem como serviçal
de casas grandes com leões nos portões.
Na verdade sempre achamos tudo ruim,
é do que eu reclamo todos os dias.
E meus amores? Existem?
Aposto que fazem essas mesmas perguntas,
e se não se importam vão passar a se importar.
Afinal, já se imaginou sozinho hoje?
Então, se o mundo é movido por perguntas
não precisamos de respostas,
ou, apenas precisamos de pessoas,
palavras, um bom livro e música.
Experimente fugir de casa por um dia que seja,
saia como se fosse não voltar,
leve tudo!
Ao sair de casa você sente falta do seu quarto,
do cheiro das suas roupas no seu guarda-roupa velho,
de suas paredes marcadas com suas mensagens e desenhos.
E com o mínimo de sentido, "M" vai embora..
Leva com ele meus mais belos planos e sonhos,
ilusões e poesias.
Leva com ele meu ponto final.

12 julho, 2009

Lost.

Eu estou fora de mim mesma novamente.
Rosto pra baixo na porcelana
Me sentindo tão feliz, mas parecendo tão devagar.
Partindo favores no chão
Grupo de meninas soqueando a porta.
Tantos novos amigos meteorológicos.
Preso no olho de um furacão
Acenando lentamente como uma parada de representação histórica
Tão cansada dessa cidade me puxando pra baixo
Minha mae diz que eu devo voltar pra casa, mas
Eu não consigo achar o caminho, pois ele se foi
Então se eu rezar eu só estarei enviando palavras pro espaço exterior.
Existe uma luz
No fim da estrada
Eu estou empurrando todos por aí
Porque eu não posso mais sentir isto.
Outra noite esperando alguém me levar pra casa..

11 julho, 2009

Jogo.

Odeio
Odeio
Odeio muito
As pessoas, algumas,
os jogos, alguns,
as coisas, todas elas
onde uns caem
outros pisam
diferentes se cruzam
outros erguem-se.
É um ciclo vicioso
que não pode ser quebrado
só constatado
pelo ódio dos que vivem
e querendo ou não
têm que jogar.
Você é um artista, um mágico, um astro, um tudo.
Eu queria poder falar bonito
ou até mesmo escrever corretamente,
queria poder ser além do que as pessoas me vêem.
Mas vejo que isso não é viável
Pois o além não deixa
Vestígios de como segui-lo
A arte se apaga
A magia se acaba
O astro esmaece
Tudo cai
Nada sobra.
O meu problema é dar importância às coisas,
a importância que elas não merecem...
não merecem
só imploram
conseguindo brevemente
desejos cinzas
no fundo, fúteis.
Vou sair por aí com o rosto pintado
pra verem como eu sou
nos meus dias fúteis.

Entrelaçados



Temos destinos traçados,
e é como se eu fosse ficar ao teu lado para sempre.
Mesmo com os ventos, chuvas, maremotos,
nós estaremos entrelaçados como barbantes que
se cruzam e não conseguem se soltar.
Apesar dos jardins de tesouras,
nós barbantes nos mantemos grudados,
amarrados.
Os barbantes pretos são mais resistentes,
e te agarram bem para proteger de qualquer ventania.
Os amarelos não são tão fortes,
arrebentam fácil se não estiverem junto
dos barbantes pretos...
Bom, é só substituir tudo
por duas vidas,
por dois corações diferentes.

09 julho, 2009

Entre melodias e coelhos


Dias de chuva, uniformes molhados,
cabelos esculpidos em formas estaparfúdias, vento.
Seca, seca, troca.
Som, riso, riso, riso, soco.
Ela tem fome de carne, humana.
O dom de te fazer dizer
mais sim do que não.
E ela te dilacera, feitiço, magia negra.
Ciúmes.
Saudade.
Então me diga, cara irmã,
terei você até quando eu quiser?
Preciso de uma resposta positiva,
acho que minha carcaça não dura muito tempo sem sua pele.
Por que eu, minha irmã, ainda gosto de ouvir suas velhas palavras.

07 julho, 2009

Ponto final


Acordei cedo e percebi que você não estava ao meu lado.
Assustado acendi a luz com esperança de te ver ainda
debaixo de nossas cobertas num outro lado da cama...
Me enganei, só havia o cheiro e nada mais concreto que pudesse
me satisfazer.
Depois de caminhar por muito tempo sobre o chão quente
e imundo lembrava dos dias em que saía e nada era capaz
de ter minha atenção a não ser as coisas relacionadas a nós.
Isso nunca foi bom, afinal, não conseguia me distrair com
mais nada que não fosse seus traços.
Mas como qualquer outra coisa um sentimento também
tem seus desvios, muitos desvios, centenas deles,
como na avenida mais movimentada.
E é esse o ponto final,
não consigo nem quero mais te satisfazer,
te alimentar ou desejar algo de bom.
É difícil sentir algo assim, tão forte e amargo
mas é justamente o que eu quero, e quero.
Quem sabe você ainda acredite nas histórias
ou quem sabe eu viva num conto,
não importa.
O que sobrou de qualquer poesia foi o ponto final.

06 julho, 2009

Gota por gota

Deixe-me ser louco,
ser inundado por seus pensamentos e anseios
e assim ser fiel diante das nossas juras,
das nossas trocas de olhares profíquos e quase eternos.
Do pequeno material de aço que entrelaça suas cartilagens
eu sou apenas a lembrança.
Levarei para sempre essa mistura de sentimentos
dentro da parte que ainda funciona em mim.
Deixe-me sozinho por hoje
e amanhã pode voltar a destilar o seu amor,
d-e-s-t-i-l-a-r.

04 julho, 2009

Pútrido

Quem sabe você não seja o culpado
pelos meus pensamentos repetidos.
É como se caminhasse lentamente sobre meu pútrido corpo,
me causando alívio, te causando aflição e medo.
Não canse de andar, gosto da dor.
Gosto do modo com que ela me deixa mais forte,
e retratá-la é sempre muito fácil..
Então nunca pare,
sempre me esticarei no chão esperando ansiosa
por seus pés e mãos.

03 julho, 2009

Caixa preta




Nunca a deixe sozinha,
às cinco e quarenta e sete da tarde
ninguém sabe ao certo se deve fugir.
Não lhe empreste qualquer material que possa causar dor,
ela nunca sabe parar de se afligir.
Não atenda o telefone,
pode ser mais um daqueles trotes de músicos deprimidos.
Esconda todas as suas músicas para que ninguém possa ouvi-las,
guarde-as para memorizar cada letra.
Enfie naquela sua caixa preta os restos daquela cidade sem cor,
tal qual tem o mesmo tom daquele reflexo no espelho do seu quarto.

Era..


Era fim de tarde, os últimos raios de sol e mais ninguém.
Era verdade, algumas surpresas na areia e apenas
o verde visível aos meus olhos.
Era carta, nuvem, céu, espuma, sal, brisa, brasa.
Era o que nem os livros sabiam.
Apenas era, e não mais.